in Expresso
A tristeza e os sonhos de Ramiro e Laurinda
Ramiro Sousa e Laurinda das Neves vivem na casa 6 de Pego Negro (Campanhã) desde 1969. Ali, na mesma casa que hoje continua sem água canalizada ou sequer um quarto de banho, criaram nove filhos. Ramiro trabalhou na construção civil até Laurinda adoecer: um AVC tirou-lhe a fala e a mobilidade. Ramiro abandonou o trabalho para tomar conta da mulher.
O caso de Ramiro, 64 anos e beneficiário do Rendimento Social de Inserção, e de Laurinda das Neves é grave e urgente: as paredes caem ao toque de uma mão, a água escorre pelo telhado ou pelas janelas e as baratas entram por onde querem.
Laurinda não consegue caminhar, cozinhar ou sequer cuidar da higiene pessoal. A falta de uma casa de banho e de um duche obriga-a a fazer as suas necessidades fisiológicas num balde colado no chão do quarto e a tomar banho de mangueira de água gelada no Inverno.
A situação do casal agrava-se com a falta de apoio domiciliário de qualquer espécie. "As instituições têm recusado o auxílio devido às péssimas condições de habitabilidade e à falta de uma casa de banho com água quente para dar banho à utente", explica José António Pinto, assistente social da Junta de Freguesia de Campanhã. Este agente esclarece que têm sido feitos "pedidos insistentes" junto da Segurança Social e da Câmara Municipal do Porto para apoiar o pagamento de uma casa digna, até agora sem resultados.