27.11.08

A proposta da UE é uma amostra de um plano

in Diário de Notícias

O plano europeu para relançar a economia não é um plano, só será parcialmente europeu e não tem dimensão para relançar grande coisa. Não é um plano pela simples razão de que não existe um centro político responsável por uma política económica europeia unificada.

A Comissão Europeia propõe uma caixa de ferramentas contra a recessão que tem de ser aceite pelo Conselho (o Ecofin) e da qual cada Governo nacional retirará os instrumentos que entender. Têm pouco de europeu os 200 mil milhões propostos para dois anos, já que 170 mil milhões provêm dos Orçamentos de Estado nacionais e, apenas, 30 mil milhões serão dinheiro "europeu" ( 15% do total, ou 0,23% do PIB da União Europeia a 27 em dois anos, isto é, 0,13% do PIB de 2009). Será credível que um tal pacote acrescente muito aos esforços nacionais que cada um, à medida das suas possibilidades, já está a fazer?

A diferença entre um governo federal como o dos EUA, que avança com um segundo pacote anticrise de 800 milhões de dólares, e a caixa de ferramentas de Bruxelas está bem à vista. O que poderá sair deste esforço de fazer das fraquezas individuais força na UE é o diálogo entre países, nomeadamente, entre os mais integrados comercialmente. Para que as medidas fiscais de estímulo às respectivas empresas não causem excessiva mossa nos vizinhos, que vêem os preços relativos entre ambos, virados de repente do avesso.