19.11.08

Crise: Constâncio diz que a riqueza de Portugal só crescerá 0,5%

in Correio da Manhã

Famílias devem 2 anos de salários


O total das dívidas contraídas pelas famílias portuguesas representa em média dois anos de rendimentos. Segundo o Boletim Económico de Outono, ontem revelado pelo Banco de Portugal, os débitos totais dos agregados familiares correspondem a pouco mais de 60 por cento da sua riqueza bruta total.

Por outro lado, a subida das taxas de juro e a crise nos mercados de capitais levaram a uma nova descida da taxa de poupança das famílias e a uma diminuição do rendimento disponível. De acordo com o Banco de Portugal, estima--se que a perda líquida da carteira detida por particulares (acções cotadas) entre Dezembro de 2007 e Junho de 2008 tenha representado cerca de seis por cento do Produto Interno Bruto (aproximadamente dez mil milhões).

No final de Setembro de 2008 o rácio de incumprimento do crédito a particulares cifrava-se 2,14 por cento acima dos níveis observados no período homólogo de 2007 (o valor mais elevado da última década). As condições deverão degradar-se ainda mais em 2009, colocando sobretudo em risco as famílias mais carenciadas e os agregados mais jovens.

As previsões da instituição liderada por Vítor Constâncio para a economia portuguesa este ano são mais pessimistas do que as do Governo. O Banco de Portugal prevê um crescimento do PIB de 0,5 por cento, contra os 0,8 defendidos por Sócrates. No que diz respeito à produtividade, o banco central estima uma diminuição substancial da mesma, passando-se de 1.3 pontos percentuais para -0.3.

SÓCRATES FALHA META DE EMPREGO

O primeiro-ministro está cada vez mais longe da meta dos 150 mil postos de trabalho que se propôs criar quando tomou posse. Entre o primeiro trimestre de 2005 e o terceiro trimestre de 2008 a economia criou 101 mil empregos.A taxa de desemprego em Portugal caiu 0,2 pontos no terceiro trimestre, face a igual período de 2007, para 7,7 por cento, e subiu 0,4 pontos face aos três meses anteriores. Ainda assim, o chefe do Executivo mostra-se optimista. 'Há menos desempregados neste trimestre do que havia no terceiro trimestre de 2007. Isso significa que o desemprego este ano tem continuado a descer', sustentou Sócrates.

SAIBA MAIS

PERDAS DOS BANCOS

No primeiro semestre de 2008 os resultados antes de impostos e de interesses minoritários do sistema bancário português registaram uma redução de 38 por cento face ao período homólogo.

39 373 foi o número de funcionários que saíram da Administração Pública, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério das Finanças.

10%

Na primeira metade de 2008 o défice conjunto das balanças correntes e de capital fixou-se nos dez por cento do PIB.

23 MESES SEM EMPREGO

A duração média do desemprego no primeiro semestre de 2008 foi de 23,1 meses (era de 22 meses no primeiro semestre de 2007). O valor mais elevado dos últimos dez anos – e consistente com a tendência de aumento do peso do desemprego de longa duração.

PREVISÕES

Boletim Económico de: Verão 2008

2007 / 2008 /2008

PIB: 1,9 /0,5 /1,2

Consumo privado: 1,5 /1,4 /1,3

Consumo público: 0,3 /0,2 /-0,2

FBCF: 3,2 /-0,8 /1,0

Procura interna: 1,7 /1,0 /1,0

Exportações: 7,6 /1,4 /4,4

Importações: 5,9 /2,6 /3,3

Fontes: INE e Banco de Portugal