Ana Cristina Pereira, in Jornal Público
Casos da linha 144 eram atendidos pela Segurança Social; a transferência começou a 1 de Novembro
A Cruz Vermelha já assumiu uma responsabilidade que antes pertencia à Segurança Social: ao ligar para a Linha Nacional de Emergência Social (144) por causa de um idoso perdido ou de uma criança em perigo, será uma equipa da Cruz Vermelha Portuguesa que irá ao terreno.
A Linha de Emergência Social é um serviço público que funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano. No 144 cabem situações de emergência, isto é, que carecem de actuação imediata (um prédio ruiu, as pessoas têm que ser alojadas, por exemplo). E situações de crise, isto é, que admitem uma margem (o agregado tem ordem de despejo no final do mês e vai ficar sem sítio para residir).
Perante um problema deste género, o operador transfere a chamada para a equipa central da Segurança Social. De acordo com a problemática e com a localização geográfica, a equipa central acciona uma equipa distrital de emergência social. "Desde 15 de Outubro, as equipas da Cruz Vermelha sobrepõem-se às do Instituto de Segurança Social [ISS]", elucida o presidente daquela instituição humanitária, Luís Barbosa. "A 1 de Novembro, começaram a actuar com alguma independência."
O protocolo foi assinado a 1 de Junho. "É uma entrada suave", diz o presidente do ISS, Edmundo Martinho. "Durante os primeiros meses haverá acompanhamento" das equipas técnicas que desde 2001 prestavam aquele serviço e que assumirão "progressivamente" outras tarefas.
"Proximidade"
Quem presta este socorro em nome da Cruz Vermelha "tem formação superior", garante Martinho. O trabalho não requer uma "especialização elevadíssima": "Estamos a falar, por exemplo, de ir buscar uma criança e levá-la a um centro de acolhimento temporário".
Na sua opinião, o serviço ganha "proximidade e capacidade": "Em vários distritos a Cruz Vermelha tem mais de um núcleo, o que traz proximidade", indica Martinho. O presidente do ISS está a pensar em casos como "Faro, que tem três núcleos". Mas, pelo menos para já, haverá apenas uma equipa por distrito, "que será activada quando for necessário", esclarece Luís Barbosa.
Algumas delegações estão a avançar com reticências. Questionam-se sobre a possibilidade de fazer aquele trabalho mediante os valores protocolados com o Estado. Falam em experimentar até Dezembro e na necessidade de manter uma abertura para reajustes. Luís Barbosa desvaloriza: "O dinheiro é sempre pouco para quem tem de prestar o serviço e é sempre muito para quem tem de o gastar." O mais importante é que as equipas já estão no terreno e "não tiveram um problema que não tivesse sido resolvido de forma positiva".
No ano passado houve 657 processos de crise e 2395 processos de emergência. Há quem ligue só para se aconselhar, mas também quem tenha fugido de casa com os documentos e a roupa do corpo e precise de alojamento o mais depressa possível.