in Jornal Público
Aos 50 anos, segundo os dados do estudo de Carol Jagger (referentes a 2005), os homens portugueses podem esperar viver mais 28,12 anos. Desses, apenas 14,90 serão previsivelmente anos que serão vividos com saúde. As mulheres contam com uma esperança de vida na ordem dos 32,92 anos, mas, aparentemente, terão de contar com menos anos saudáveis (HLY). As contas do estudo britânico apontam para uma esperança de saúde de 12,67 anos. Ou seja, aparentemente, as mulheres vivem mais, mas pior.
Explicação? Manuel Teixeira Veríssimo, especialista em envelhecimento, arrisca: "Talvez por isso mesmo. Atingem mais idade, logo têm mais probabilidade de viver pior". O que é facto é que o estudo não aponta nenhuma razão para o fenómeno português, que, aliás, parece contrariar a tendência europeia, onde, em média, as mulheres vivem mais tempo, mas também têm mais HLY.
"Portugal é um dos países que mais têm envelhecido no mundo ocidental e onde a esperança de vida tem crescido. Isso é bom, mas é apenas metade da vitória. É preciso que esse acréscimo de anos seja feito com qualidade de vida, com independência e sem limitações", nota o especialista. Em 2005, a média europeia de esperança de saúde nos 25 países para os homens com 50 anos de idade era de 67,3 anos sem limitações de actividade e de 68,1 anos para as mulheres. O Produto Interno Bruto e a despesa nos idosos provaram estar associados aos HLY em homens e mulheres. Os dados revelaram ainda que apenas no caso dos homens o desemprego de longa duração foi negativamente associado à esperança de saúde e a aprendizagem ao longo da vida foi-o positivamente com os anos de vida saudáveis. Conceitos gerais num território desigual da Europa, frisam.
0,25% do PIB por habitante de Portugal (que é 75,5 por cento da média dos 25 países da UE) é gasto na população idosa. A média dos 25 gasta o dobro de Portugal. Os novos dez países gastam, em média, 0,24 por cento do PIB.