5.2.12

Panificação pode perder 30% das empresas em 2012

in Diário de Notícias

O setor da panificação pode vir a perder 30 por cento de empresas ao longo de 2012, num panorama que já é negro, mas que se deverá agravar, disse à Lusa o presidente da ACIP.

"Neste momento, o nosso setor, como todos os outros, está muito mal. Os consumidores não compram, o mercado não gira e estamos em sérias dificuldades. A continuar assim, já fizemos uma pequena análise, poderemos perder mais de 30 por cento das empresas durante este ano", afirmou o presidente da direção da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação (ACIP), Carlos dos Santos.

Na última semana de janeiro, segundo o responsável da ACIP, "as vendas caíram mesmo a um ponto muito mais atrás do que 1980", ou seja, o setor está com quebras nas vendas de pão na ordem dos 20 a 30 por cento, para valores considerados "irrisórios".

"Voltámos aqui há 10 ou 20 anos e vamos voltar a ver o que se via há 20 anos, que é toda a gente a cozer o seu pão, a utilizar as suas próprias casas para produzirem para eles e para os amigos", disse Carlos dos Santos.

Para o presidente da Associação dos Industriais de Panificação de Lisboa, Diamantino Moreira, a previsão é que encerrem entre 30 a 40 por cento das padarias, apelando ao Governo para que crie uma linha de crédito que sirva para apoiar o setor.

Carlos dos Santos é perentório em relação a essa questão: "Não acredito nas linhas de crédito". Segundo o dirigente da ACIP, "as linhas de crédito servem para vender manchetes nos jornais e para resolverem os problemas da banca", sem que cheguem de facto a quem mais delas precisa, as microempresas.

O Estado devia dialogar diretamente com as pequenas empresas e não através das grandes confederações, defendeu Carlos dos Santos, lembrando que a ACIP pediu uma audiência ao ministro da Economia, mas "ele tem coisas mais importantes".

Segundo dados da ACIP, o setor é composto por nove mil empresas de panificação e pastelaria, com uma média de 8,6 funcionários e dois empresários por cada, gerando perto de 100 mil empregos diretos com um volume de negócios total que ultrapassa os cinco mil milhões de euros por ano.