1.2.12

Portugal fecha 2011 com a maior subida mensal do desemprego na UE

Por Bruno Faria Lopes, in iOnline

Taxa atinge 13,6% em Dezembro. Na Alemanha, por outro lado, é a mais baixa em 20 anos. Bruxelas clama por mais emprego para jovens.

O desemprego em Portugal subiu para 13,6% da população activa em Dezembro do ano passado, registando o maior agravamento mensal entre os 27 países da União Europeia (UE), mostram dados publicados ontem pelo instituto estatístico europeu (Eurostat). A forte deterioração da taxa mensal no fecho do ano reflecte o impacto das medidas de ajustamento económico e sugere uma taxa global recorde em 2011, próxima de 12,5%.

“A tendência será sempre de agravamento”, admite Paula Carvalho, economista do BPI, que prevê uma taxa de 12,5% para 2011 e de 13,5% este ano.

A subida mensal entre Novembro e Dezembro, de 13,2% para 13,6% foi a maior na UE, e coloca a taxa portuguesa de desemprego como a terceira mais alta no euro, a seguir a Espanha (22,9%) e Irlanda (14,5%). O Eurostat não revelou dados sobre a Grécia. A comparação homóloga – face a Dezembro de 2010 – mostra um agravamento de 1,2 pontos, o quarto maior na zona euro.

O ritmo de degradação em Portugal supera a tendência geral de agravamento na zona euro, cuja taxa de 10,4% é a maior desde o arranque da moeda única. Os valores revelam, contudo, o aprofundamento do fosso entre os países da zona euro e a Alemanha. A taxa de desemprego alemã em Dezembro caiu para 5,5%, o valor mais baixo em 20 anos. No segundo semestre do ano passado a Alemanha foi a única economia do euro a registar uma quebra no desemprego. O forte peso das exportações na economia alemã permite ao país acompanhar o crescimento mundial.

O contraste reforça a percepção longínqua que a sociedade alemã tem da crise europeia e dificulta qualquer mudança de política por parte de Berlim – a maioria do eleitorado opõe-se à assistência financeira a países como Portugal e a Grécia.

Os números do Eurostat confirmam ainda o panorama avassalador do desemprego jovem na Europa. A taxa mensal média no euro foi de 21,3% em Dezembro, com Espanha (48,7%), Eslováquia (35,6%), Itália (31%) e Portugal (30,8%) a acumularem os valores mais altos.

Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia – que com o BCE é o membro mais exigente da troika em termos de consolidação orçamental – pediu ontem ao primeiro-ministro português uma “metodologia de trabalho” para se atingirem “progressos concretos” até Abril no combate ao desemprego entre os jovens, com a criação de uma “equipa de acção” para analisar o problema.