9.9.08

Economia está a crescer menos que o esperado

Lucília Tiago, in Jornal de Notícias

Quebra nas exportações justifica revisão em baixa, para 0,3%, no crescimento do PIB

Uma desaceleração maior que o esperado nas exportaçães e um forte abrandamento no consumo privado levaram o INE a rever em baixa as suas estimativas iniciais sobre o crescimento da economia no segundo trimestre deste ano.

A economia portuguesa expandiu-se, no segundo trimestre deste ano, 0,7% em termos homólogos e 0,3%, se a comparação for feita com os primeiros três meses do ano. Ambos os valores registam uma revisão em baixa (de 0,2 e 0,1 pontos percentuais, respectivamente) face à estimativa rápida que o INE tinha revelado a 14 de Agosto, sendo a alteração determinada "sobretudo" pela informação "sobre o comércio internacional" que entretanto ficou disponível.
Os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística mostram que as importações de bens e serviços continuaram a desacelerar no segundo trimestre, mas evidenciam também um abrandamento das exportações nesse período. Uma quebra que revela já o impacto da contracção que estão a atravessar as economias dos n ossos principais parceiros.

Quando em meados de Agosto foram conhecidos os valores do PIB - através da chamada Estimativa Rápida que não comporta ainda uma informação completa -, o ministro das Finanças acreditava que o investimento e as exportações seriam os componentes que estariam a servir de "motor" à economia portuguesa. Afinal, apenas o investimento cresceu naquele período. Em termos homólogos, acelerou, passando de 3,8%, no primeiro trimestre, para 4,0%, no trimestre seguinte. Além das exportações, outro dos factores que condicionaram a revisão em baixa foi o abrandamento do consumo privado, com as famílias a retraírem-se nas compras de bens duradouros, mas a gastarem mais com alimentação e outros bens de consumo corrente.

No seu conjunto, todos estes componentes fizeram o PIB crescer 0,3%, uma valor ainda mais reduzido que os anteriores 0,4% e que os economistas classificaram então de "anémico". Já o ministro da Economia, Manuel Pinho, desvalorizou a desaceleração da economia, optando por relevar o facto de Portugal estar a "reagir bem" às dificuldades a nível internacional. Vários países da Zona Euro tiveram crescimentos negativos neste segundo trimestre, resta saber como vai Portugal reagir no resto do ano.