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Mais de cem polícias recorreram aos Serviços de Assistência Social da PSP desde Julho de 2007, com pedidos de ajuda para resolver problemas económicos e familiares, segundo dados a que a Agência Lusa teve acesso.
A este serviço recém-criado, e no qual trabalham duas assistentes sociais, chegam situações de todo o género.
Muitos dos casos prendem-se com o facto de serem deslocados e de precisarem de orientação e outros estão relacionados com problemas familiares, em especial divórcios. O divórcio é, aliás, um problema cada vez mais presente na vida dos agentes da PSP. Sete agentes procuraram este serviço por essa razão e muitos dos problemas económicos apresentados por 48 agentes estão indirectamente ligados à dissolução dos casamentos.
«Por situações de divórcio, as pessoas assumem empréstimos e depois não conseguem fazer face a eles. Nós reorganizamos todos esses créditos (geralmente crédito fácil) e tentamos orientá-los», dizem Paula Gonçalves e Sofia Rodrigues, os rostos do serviço de assistência social. O divórcio afecta todas as idades, mas com maior incidência nos 30 anos.
Segundo o secretário-geral dos Serviços Sociais da PSP, intendente Matos Torres, esta é uma profissão condenada a ter altas taxas de divórcio e por essa razão tem de haver estruturas que consigam amparar os problemas inerentes às rupturas familiares.
Já no que respeita aos agentes deslocados, a procura destes serviços prende-se não só com «uma certa desorientação» mas também por questões económicas.
«A polícia tem muitos deslocados em Lisboa, são desenraizados, deixaram namorada ou mulher e filhos e acabam por ter que sustentar duas casas, o que se torna muito complicado do ponto de vista financeiro», disse Sofia Rodrigues.
Em 13 meses de funcionamento, o serviço, ainda pouco conhecido, foi contacto por 111 agentes: 48 por problemas económicos, 18 por questões familiares, seis com pedidos de ajuda relacionados com a habitação e 19 por questões de saúde.
Linha de apoio a polícias
Os Serviços Sociais da Polícia de Segurança Pública estão a estudar a criação de uma linha de apoio aos familiares de agentes mortos em serviço, a implementar em 2009.
O objectivo, explicou à Lusa o Secretário-Geral dos Serviços, intendente Matos Torres, é construir uma linha de apoio específica, não só para as famílias de polícias mortos em serviço, mas também para os incapacitados.
«Está a ser pensado o apoio em numerário, mas também a possibilidade de conceder bolsas de estudo aos filhos dos agentes ou atribuir uma casa com renda simbólica», disse.
Segundo o intendente, em algumas situações já foram tomadas medidas semelhantes.
«Temos um caso de uma família de um agente morto em serviço que tinha ficado com um encargo de 300 euros de casa e nós conseguimos atribuir-lhes uma casa com uma renda simbólica de cinco euros», disse.
Uma das vertentes dos serviços sociais é a habitação social. São mais de 1100 fogos espalhados pelo país.
Apesar do aumento da criminalidade violenta, nos dois últimos anos a PSP não registou nenhuma baixa entre os seus agentes.
Já o ano de 2005 foi negro para a PSP, com quatro agentes mortos em serviço, um subcomissário vítima de uma explosão nas instalações do Comando de Viseu e dois suicídios.
Num momento em que o país atravessa uma onda de criminalidade violenta, com os polícias a viver em stress permanente, os Serviços Sociais da PSP podem funcionar como uma espécie de amortecedor, disse à Lusa o Secretário-Geral daquele organismo.