A.M., in Jornal Público
Os bispos estão satisfeitos com a forma como se tem avançado na regulamentação da Concordata e com a "boa vontade do Governo em terminar" o diálogo sobre os vários dossiês pendentes entre a hierarquia católica e o executivo, disse ontem o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Carlos Azevedo. No final da reunião do conselho permanente da CEP, em Fátima, o bispo referiu-se aos temas que, desde há um ano, têm criado alguma polémica entre a hierarquia católica e o Governo. Para se manifestar optimista em relação a um breve desfecho dos vários processos - nomeadamente, a assistência religiosa nos hospitais e nas prisões, temas que mais dificuldades provocaram.
Também o papel das instituições de solidariedade social esteve no centro de polémicas, com a Confederaçao Nacional das Instituições de Solidariedade a protestar com o Governo por causa de algumas medidas que punham em causa o funcionamento de ATL e outros equipamentos. No caso das prisões, tem havido mais dificuldade em nomear assistentes religiosos, uma vez que ainda não há regras de acordo com a nova Concordata entre Portugal e o Vaticano. Já no que respeita aos assistentes religiosos nos hospitais, o diploma com a nova regulamentação, que tenta aplicar a Concordata de 2004, está a caminho da Comissão da Liberdade Religiosa, após o que passará a plenário de secretários de Estado, antes de ser aprovado pelo Governo. Houve cedências de parte a parte, disse Carlos Azevedo.
Os bispos manifestaram ainda a esperança de que a onda de violência que tem assaltado o país seja uma onda "passageira", disse Carlos Azevedo. O bispo admitiu a relação que as dificuldades económicas e sociais podem ter no aumento dos actos violentos, mas disse que a razão principal é a "crise profunda de princípios de vida". No conselho permanente da CEP, os bispos falaram também do veto do Cavaco Silva à nova Lei do Divórcio, mas manifestando-se apenas preocupados com o que consideram a fragilização da família.