8.10.08

Até há poucos anos mulheres homossexuais eram algemadas

in Jornal de Notícias

Inibidas de contactar com outras reclusas, punidas e humilhadas pelas guardas. Segundo o criminalista Barra da Costa, esta era a realidade, até há cerca de 10 anos, vivida pelas mulheres homossexuais nas prisões.

"As lésbicas chegavam a ser algemadas. Eram cenas vexatórias. Aos gays tiravam-lhes o cinto das calças", explica o ex-inspector da Polícia Judiciária. "As cadeias reflectem o que se passa cá fora e depois têm um código de conduta próprio que, apesar de não cair no exagero da tortura, passa por colocar essa pessoa em isolamento", frisa, garantindo que uma diferente orientação sexual dentro das cadeias continua a ser encarada do ponto de vista disciplinar.

"As estórias por trás das grades" dão as boas vindas aos que entram no"aoutrafacedetires.blogspot.com", criado por amigos das reclusas de Tires que têm, nas funcionárias da cadeia e em "pessoas próximas da anterior direcção" da cadeia, as fontes de informação do que se passa no EPT. Estão em silêncio há alguns meses mas denúncias ali não faltam.

Apesar do mundo virtual, a ACED é a receptora de muitas denúncias de detidos. A associação que, com a Opus Gay, em Janeiro de 2002 divulgou o suicídio de um gay detido no Linhó. O jovem recluso queixou-se à DGSP, ao director da prisão e à PJ, ser espancado por dois guardas. Dias depois do ocorrido, em declarações ao JN, Clara Gomes, da DGSP, considerava: "o jovem era desprezado por ser ostensivamente homossexual. Era um rapaz frágil, ligado ao espiritismo. Era um provocador".