Lígia Silveira, in Agência Ecclesia
Presidente da CNJP afirma que tempo de escassez não pode ser visto como «catastrófico»
Tornar a crise social e financeira em oportunidades para “um futuro diferente” é a opinião de Manuela Silva, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, que indica à Agência ECCLESIA que “a crise não tem de ser vista como algo de negativo ou catastrófico”.
“O fomento da economia social, das iniciativas de proximidade, empreendorismo ao nível local são áreas muito importantes”, enuncia Manuela Silva que acrescenta ainda as acções particulares que “conduzem a atitudes mais responsáveis dos consumidores enquanto consumidores” são chave de conduta para ultrapassar situações de crise.
Esta linha orientadora esteve em debate na reunião nacional que juntou, em Fátima, as Comissões Diocesanas Justiça e Paz. Este é um encontro anual que a Comissão Nacional decidiu retomar há cerca de três anos com o objectivo de “promover o aprofundamento sobre o ensino social da Igreja e criar sinergias de maior colaboração entre comissões diocesanas e com a nacional”.
“As várias comissões diocesanas estão preocupadas com a crise”. Manuela Silva aponta que a Comissão em Leiria tem procurado sensibilizar as pessoas para a questão da pobreza “nomeadamente na perspectiva que a pobreza é uma violação dos direitos humanos”. Também Braga trabalhou neste domínio “e tem inclusivamente prevista uma acção de massa”, marcada para o dia 17 de Outubro, dia em que se assinala a Luta contra a Pobreza.
Manuela Silva aponta que “ficou claro” que a luta pela erradicação da pobreza não pode revestir “apenas um carácter assistencial”, mas deve “dirigir-se para as causas estruturais da pobreza, em particular sobre a repartição desigual do rendimento e dos frutos do desenvolvimento, o acesso ao trabalho digno”, explica, evidenciando ainda o “esforço conjugado entre os governos, administrações e sociedade civil”.
Também as empresas “são actores sociais” e por isso “têm uma responsabilidade social que não pode ficar confinada às boas relações com o seu pessoal ou ao mecenato”, indica.
A erradicação da pobreza, a criminalidade, a violência e proliferação de armas foram ainda temas em debate. Estas são áreas de intervenção da CNJP.
Especificamente sobre a pobreza, diversas publicações, conferências foram realizadas não só no âmbito da sensibilização, mas também da actuação. Manuela Silva lembra a audição pública marcada para o dia 8 de Novembro com o tema «Dar voz aos pobres para erradicar a pobreza».
Acerca da criminalidade e violência, foi partilhado o trabalho da CJP de Portalegre na prevenção do «Bullying» nas escolas, um problema que “tem repercussão nas escolas da diocese”.
Foram ainda apresentados os trabalhos realizados no âmbito do Observatório sobre a produção, comércio e proliferação de armas, bem como “a linha de orientação que está a ser seguida”, lembra Manuela Silva, nomeadamente com propostas de acção concreta, “sempre em colaboração com instituições locais no sentido da prevenção da criminalidade, dissuasão da posse de armas”.
Manuela Silva indica que as Comissões presentes sentiram-se “confirmadas na sua missão” mas também “desafiadas pelos novos problemas que se anunciam e novas oportunidades que se acabam por criar”.