18.10.08

Banco de Portugal e INE confirmam abrandamento

António Perez Metelo, in Diário de Notícias

Economia nacional. Tanto o Banco de Portugal, como o Instituto Nacional de Estatística, evidenciam nos seus dados de curto prazo que a economia portuguesa dá sinais de abrandamento. O que se torna imprevisível é saber qual o impacto real futuro da crise financeira que rebentou em finais de Setembro

Consumo privado subiu ligeiramente em Setembro

Vários indicadores de conjuntura económica do Banco de Portugal (BdP) e do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados em simultâneo, traçam um quadro de abrandamento da economia nacional nos últimos meses.

O Indicador Coincidente de Actividade do BdP mantém o mesmo valor em Agosto e em Setembro (0,0), enquanto em Julho ele estava em 0,2. Este índice é considerado pelos economistas como dos mais fiáveis já que, comprovadamente, e ao longo de uma longa série de dados, incorpora o maior número de dados disponíveis e, com eles, constrói uma série de valores sem variações erráticas de tendência. Este tem vindo a cair desde Novembro de 2007, registando em Setembro a primeira paragem na descida desde então. Depois de publicados os dados definitivos do 3.º trimestre, a exemplo do que vem acontecendo, espera-se uma ligeira correcção em alta, que não altera a indicação central de que a actividade económica perdeu força desde o fim do ano passado.

Já o outro índice do BdP, o Indicador Coincidente do Consumo Privado, regista em Setembro, pelo 2.º mês, uma subida: em Julho, 0,8; Agosto, 0,9; Setembro, 1,1. O INE também detecta o fortalecimento do consumo privado no passado mês de Agosto, sobretudo do consumo duradouro, mas admite que este se deva à descida do IVA, que terá diferido compras até à sua entrada em vigor.

Ao nível do investimento acentua-se a tendência negativa, com destaque para o sector da construção. As máquinas e equipamentos industriais registam uma recuperação em Setembro, voltando ao nível de Junho (3,0) e interrompendo uma série de quebras desde o princípio do ano.

O indicador de clima económico do INE, que espelha o sentimento de maior ou menor optimismo entre os investidores, continuou a cair para 0,1 em Setembro, de 0,2 em Agosto e de 0,4 em Julho. O indicador de actividade económica, só disponível até Agosto, decresceu para 0,4, o valor mais baixo, segundo o INE, desde finais de 2003, altura na qual a economia portuguesa começava a sair da recessão que sofrera naquele ano.

No mês passado, a inflação em Portugal estava 0,4 pontos mais baixa do que a da Zona Euro. O comércio internacional registava uma relativa estabilização e o emprego até Agosto abrandava, invertendo a tendência de crescimento dos postos de trabalho, que se verificava desde o princípio de 2008.

Esta revoada de dados, avisa o INE, foi recolhida antes dos efeitos gerados pela crise financeira, que induziram uma onda de quebras nas bolsas mundiais com repercussões nas economias reais, cuja dimensão ainda está por apurar.