in Jornal de Notícias
Numa cidade com meio milhão de habitantes como Lisboa há quem viva tão só que mesmo na hora de morrer não tem quem o acompanhe. Este ano, 146 pessoas morreram sozinhas na cidade, desconhecidos que a Misericórdia vai lembrar esta sexta-feira, Dia Internacional da Erradicação da Pobreza.
São pessoas sem família ou amigos. São desconhecidos que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai recordar hoje, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e dos Sem Abrigo, numa missa celebrada pelo Bispo Auxiliar de Lisboa na Igreja de S.Roque. No entanto, a ideia é, em anos futuros, alargar a iniciativa a todas a confissões religiosas.
Na igreja vão estar 146 bandeiras com o nome de cada uma das pessoas que desde o início do ano e até esta semana morreram completamente sós.
Fazer as cerimónias fúnebres a quem morre sozinho em casa, nos hospitais ou nas ruas da cidade de Lisboa é uma das missões da Irmandade de S.Roque da Santa Casa da Misericórdia.
Todos os anos morrem na capital pelo menos 100 pessoas nestas condições. São jovens, idosos, crianças, portugueses e estrangeiros.
Há um pouco de tudo, explicou à Lusa Mariana Cajulo, voluntária da Irmandade de S.Roque.
"Fazer o serviço fúnebre com toda a dignidade dando a estas pessoas um funeral condigno é uma das missões da Santa Casa da Misericórdia e da Irmandade", explicou.
A iniciativa de hoje pretende assinalar uma data e ao mesmo tempo prestar uma homenagem a estas pessoas.
No futuro, explicou Mariana Cajulo, há a ideia de fazer com que esta cerimónia seja feita com todas as confissões religiosas.
"Afinal quando ajudamos um sem abrigo também não perguntamos de que religião é e sobre estas pessoas também desconhecemos qual a sua fé", disse.
Em Lisboa, segundo dados da autarquia, há pelo menos mil pessoas a viver na rua.
A irmandade de S.Roque nasceu quase na mesma altura da Santa Casa da Misericórdia. Foi instituída no século VI e está dotada de estatutos próprios.
Esta Irmandade ainda hoje existe, conservando-se em seu poder a Relíquia de São Roque e a bula que atesta a sua criação.