Erika Nunes, in Jornal de Notícias
Em Portugal, existem quase dois milhões de portugueses com mais de 65 anos, usufruindo de uma reforma média de 646 euros, cerca de 109 euros menos do que se considera necessário para fazer face às despesas. Mas há quem tenha menos.
Envelhecimento activo e discriminação positiva são conceitos ainda desconhecidos de largos milhares de idosos no nosso país, que simplesmente não podem dar-se ao luxo de pensar além da simples sobrevivência do dia-a-dia. A ida para um lar de terceira idade não está ao alcance de todas as carteiras, tal como a oferta não responde à procura.
O Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), lançado pelo actual Governo em Março de 2006, pretende aumentar a cobertura total em território nacional de lares de idosos em 8,2%, financiando as IPSS e incentivando os privados. Serão mais 12920 lugares na rede não lucrativa e 450 na rede privada, até ao final do ano que vem.
A manutenção da autonomia do idoso na sua própria casa durante o máximo de tempo possível é a tendência internacional dos países desenvolvidos. E, nisso, os privados exploram um filão praticamente virgem. O centro residencial - residências assistidas, centros de dia e prestação de serviços pessoais ao domicílio - é a especialidade das "Residências Montepio", das quais a primeira já está a funcionar na Rua do Breiner, no Porto. Com uma equipa de 70 colaboradores permanentes e especializados, 40 quartos duplos e 39 individuais, oito apartamentos T0 e piscina interior aquecida, não estará ao alcance de todas as bolsas, mas também não terá falta de clientes.
De acordo com o estudo AXA Barómetro Reforma 2008, os reformados portugueses são muito pessimistas quanto ao nível de vida e à saúde que os espera nos cerca de 17 anos que contam viver antes de chegar à velhice propriamente dita. Mas, os trabalhadores activos são ainda mais cautelosos e, por isso, cada vez mais é manifesta a tendência de começar a amealhar mais cedo para a reforma: "Quatro em cada dez já tomaram previdências em relação ao futuro, começando em média aos 34 anos", revela o estudo.
Entre a expectativa e a realidade da idade em que activos e reformados contavam abandonar o vínculo profissional, ainda existem diferenças, mas principalmente a esperança de vir a desenvolver alguma actividade profissional depois da reforma (a maioria dos activos) como forma de melhorar o nível de vida, esfuma-se nuns 5% na prática.