1.10.08

Desejo de (re)começar a viver depois dos 50

Erika Nunes, in Jornal de Notícias

Cursos, mestrados e doutoramentos, viagens de sonho, criação da própria empresa, voluntariado - são apenas algumas das opções que os novos seniores encontram para ocupar as horas vagas e, dizem, finalmente começar a viver.

"Apenas 34,1% dos portugueses com idade igual ou superior a 65 anos consideram o seu estado de saúde actual positivo e apenas 28,7% apresentam níveis de bem--estar psicológico elevados", conclui o estudo Bem Estar 65, conduzido pela empresa KeyPoint, a pedido do Instituto de Formação e Inovação na Saúde (Forpoint), o "maior estudo sobre qualidade de vida e bem-estar psicológico realizado em Portugal" e divulgado hoje.

A saúde é o principal motivo de diminuição de bem-estar neste grupo etário, mas também a solidão e a falta de condições económicas ou de estudos condicionam a qualidade de vida dos nossos seniores. Assim, tal como concordam os peritos em Gerontologia - especialidade recente no panorama da Medicina -, a promoção de actividades que permitam abrir horizontes, expandir conhecimentos, partilhar experiências ou, simplesmente, terminar com a solidão são fundamentais.

A Rutis, Rede de Universidades de Terceira Idade, representante e certificadora de 112 universidades da Terceira Idade do país desde 2005, é um bom exemplo de dinamismo pro-sénior e de como a info-exclusão dos mais velhos é, pouco a pouco, algo do passado.

Com aulas virtuais, em www.seniorvirtual.net/, qualquer sénior poderá participar, inclusive dos momentos de convívio na sala virtual da universidade ou pelo hi5. Está também a tempo de concorrer a uma das duas bolsas de pós-graduação para mestrado ou doutoramento sénior, no valor de dois mil euros cada.

E então? Já percebeu que a vida começa depois da reforma? Por que não alargar horizontes e verificar o que é que o catálogo da Rede 55+ tem para lhe oferecer, em http://www.byweb.pt/travel_pt.pdf?

"São actividades pensadas por pessoas com mais de 55 anos, em dez países da União Europeia, destinadas a maiores de 55", explica Teresa Pinto, da Byweb, empresa que concebeu e lançou também, em 1999, o site Projecto Tio.

Desde então, a Associação Vida e a Byweb não têm parado. Desde a preparação dos projectos, até à aprovação europeia e respectivo financiamento, passando pelo trabalho das mentalidades...

"Sempre que surge um conceito novo, desdobramo-nos em contactos, sobretudo institucionais, para conseguir passar a mensagem. Mas, em muitos casos, já se conseguiu desbravar caminho", desabafa a especialista, actualmente a trabalhar a ideia do empreendedorismo sénior (ver caixa ao lado).

Ganha a "batalha" da info-inclusão e da informação específica para seniores, bem como da internacionalidade (http://viver.org/), busca-se "lá fora" a inspiração para o que falta fazer.

"As autarquias têm evoluído muito, quer nas iniciativas para idosos quer nas posturas correctas", reconheceu Teresa Pinto. "O Programa Conforto Habitacional para Pessoas Idosas, por exemplo, partiu da iniciativa de algumas autarquias e, hoje, é um programa nacional destinado aos mais velhos", referiu, concluindo que ainda há caminho a percorrer.