Anabela Peixoto, in Jornal Público
Os portugueses são os que menos poupam para a reforma. A conclusão é da DECO/Proteste, que realizou um estudo com as suas congéneres na Bélgica, Espanha e Itália para tentar perceber os hábitos de poupança para a reforma nestes quatro países. Fica o alerta para os "valores excessivos" das comissões cobradas nas transferências dos planos de poupança-reforma.
O estudo, publicado na revista Dinheiro&Direitos e divulgado hoje, revela que apenas um em cada três dos trabalhadores inquiridos poupa para a reforma. As dificuldades financeiras são apontadas como o principal entrave e, segundo a associação de defesa do consumidor, “dos que poupam, um em cada quatro coloca de parte menos de 50 euros por mês para a reforma”. Entre os que optam por poupar para a reforma, os planos de poupança-reforma são o produto mais procurado, sobretudo devido à sua vantagem fiscal.
A Dinheiro&Direitos analisou ainda 81 planos de poupança-reforma sob a forma de fundo e seguro, e concluiu que “as comissões de subscrição desceram, mas continuam elevadas”. Os seguros cobram, em média, 1,5 por cento pela subscrição e os fundos 1,3 por cento. A associação alerta também para o facto de, nas transferências, as comissões atingirem “valores excessivos”, chegando aos “cinco por cento em vários casos”. Neste sentido, a Deco afirma que “é imprescindível pôr fim a estes custos e tornar a rentabilidade destes produtos, sobretudo dos seguros, mais transparente”.
Para tentar atenuar estas dificuldades, a DECO negociou um protocolo com a Sociedade Gestora de fundos de Pensões, que dá aos seus associados a possibilidade de subscrever quatro planos de poupança-reforma sem custos de gestão e transferência, e beneficiar de bonificações e prémio anual.
A associação relembra ainda que poupar está ao alcance de todos e que “basta pôr de lado um euro por dia para obter uma soma interessante”. “Mesmo com uma rentabilidade de três por cento, se começar a poupar aos 40 anos e investir num produto sem risco, terá mais de 13 mil euros aos 65”, acrescenta.