Rudolfo Rebêlo, in Diário de Notícias
Crédito. Banco de Portugal confirma maiores restrições
Os bancos comerciais estão a apertar a torneira dos empréstimos, exigem mais garantias aos clientes, cortam nos montantes concedidos e cobraram mais comissões entre Agosto e finais de Outubro em comparação com o segundo trimestre do ano, de acordo com inquérito, ontem divulgado pelo Banco de Portugal. Com a crise financeira, a banca está com dificuldade em financiar-se no estrangeiro e, nos próximos meses, as restrições aos empréstimos vão aumentar.
"Os critérios de concessão de empréstimos ao sector privado tornaram-se mais restritivos", afirma o banco central, com base num inquérito aos cinco maiores grupos bancários portugueses, onde também se deixa transparecer que as empresas estão a cortar no investimento. A banca está impor aos clientes "outros encargos não relacionados com as taxas de juro", tal como seguros de crédito e "outras condições contratuais não pecuniárias mais apertadas", como pedidos de avales.
As empresas, perante este cenário também encolhem nos pedidos de empréstimos. O comportamento dos empresários "terá estado associado a uma diminuição das necessidades de investimentos e restruturação empresarial", diz o banco central. Os empréstimos pedidos nos últimos meses destinaram-se a reestruturar dívida de balanço e a prover fundos de maneio (para evitar roturas de tesouraria), bem como financiar existências.
Os empréstimos para habitação estão a desacelerar e os consumidores estão agora a preferir as para-bancárias (créditos ao telefone) para empréstimos ao consumo. É que os bancos estão a dificultar o acesso ao crédito, já que começam a ter dúvidas quanto à capacidade dos consumidores em assegurarem o serviço da dívida.