in Jornal Público
Entre um crescimento muito lento ou um recuo ligeiro da economia, Portugal deverá ter estado, no terceiro trimestre deste ano, muito próximo da estagnação, situação que não deverá sofrer grandes alterações, pelo menos durante a segunda metade do próximo.
Durante o dia de hoje, o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta a sua primeira estimativa para a evolução do PIB português durante o período de Julho a Setembro deste ano. No segundo trimestre do ano, Portugal escapou a uma variação negativa da economia (crescimento de 0,3 por cento), mas agora está novamente em risco de apresentar uma contracção. Ainda assim, o cenário parece ser menos sombrio do que o do resto da Zona Euro. Os analistas dos departamentos de research de cinco instituições financeiras portuguesas contactadas pela agência Reuters apontam para variações em cadeia do PIB situadas entre -0,2 e 0,1 por cento no terceiro trimestre. A média destas projecções é de 0,08 por cento.
Paula Carvalho, do BPI - que prevê um crescimento de 0,1 por cento - explica que o abrandamento se deve especialmente a um desempenho mais fraco do consumo privado e do investimento, antecipando, pelos mesmos motivos, um crescimento nulo da economia durante o próximo ano.
Rui Constantino, do Santander, está ligeiramente mais optimista em relação ao desempenho da economia no próximo ano, prevendo um crescimento de 0,2 por cento, mas mais pessimista no que diz respeito ao trimestre que acabou em Setembro, onde estima uma contracção de 0,1 por cento. Para este economista, a entrada de Portugal em recessão técnica na segunda metade do ano é um risco, já que está a prever uma variação nula do PIB no quarto trimestre. "Vamos ter uma situação de estagnação, muito próximo de zero nos próximos trimestres", diz este economista, assinalando, contudo, que um cenário deste tipo é menos grave do que se passa noutras economias europeias "porque não temos em Portugal tanta tensão em mercados como o imobiliário".
A Comissão Europeia, nas suas últimas previsões (mais positivas do que as da OCDE e FMI), projectava para Portugal dois trimestres de crescimento negativo do PIB na segunda metade deste ano.