11.11.08

Há cada vez mais famílias com fome

Secundino Cunha, in Correio da Manhã

Os bispos portugueses prometem não desarmar na luta contra a pobreza e alertam para o facto de haver cada vez mais famílias a passar fome em Portugal.

No discurso de abertura da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em Fátima, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, disse que o Governo devia proteger mais as famílias e fazer do combate à pobreza a sua principal preocupação.

"Numa sociedade dita avançada é confrangedor deparar com as dificuldades vividas no interior de muitos lares. Começam a faltar bens essenciais e a vergonha torna a pobreza mais angustiante", afirmou o prelado, sublinhando que "não se pode ignorar e desconsiderar as grandes dificuldades económicas em que se encontram muitas das nossas famílias, particularmente os mais jovens e os reformados".

Mas o presidente da CEP não esqueceu também as responsabilidades que a Igreja tem nesta matéria, referindo que "as comunidades eclesiais, das paróquias às dioceses, devem incrementar uma pastoral de maior sensibilidade socio-caritativa".

O alastrar da pobreza, que se tem verificado nos últimos meses, está na primeira linha das preocupações dos bispos católicos. É que, num inquérito realizado recentemente, concluíram que este ano quase duplicou o número de pessoas a pedir ajuda nas estruturas sociais da Igreja.

"Dirigem-se às misericórdias, às Caritas diocesanas ou mesmo às paróquias, a pedir de tudo, desde roupa a bens alimentares", disse ao CM D. Carlos Azevedo, o presidente da Comissão da Pastoral Social.

Os bispos portugueses dizem ainda que, "por muito que nos custe, casos de pobreza e fome encontram-se ao nosso lado, problemas muito graves que exigem reflexão adequada de todos, sem interesses partidários ou confessionais". Os bispos continuam reunidos hoje em Fátima.

OUTROS DADOS

IGREJA DISTRAÍDA
O presidente da CEP diz que a Igreja, distraída, não tem apostado na formação.

NÃO PRATICANTES
D. Jorge Ortiga alertou ainda para a necessidade de a Igreja ter de inverter a "maré dos não praticantes".