Jacinta Romão, in Diário de Notícias
Fátima. Assembleia plenária da CEP aprova carta pastoral sobre a infância
D. Jorge Ortiga admite práticas incorrectas e alguma difamação
Os bispos portugueses aprovaram, durante a assembleia plenária da Conferência Episcopal (CEP), terminada ontem em Fátima, uma nota pastoral dedicada às crianças, onde aconselham a criação de comissões destinadas à protecção de menores em risco em todas as paróquias.
Confrontado com a sobreposição destas estruturas às comissões de protecção criadas pelo Estado, D. Jorge Ortiga, arcebispo primaz de Braga, actual presidente da CEP, disse que nas paróquias "se conhece muito bem a realidade social das crianças mais pobres" e que "é necessário que a acção socio-caritativa esteja atenta a essas situações".
"Não estamos a mandar recado para fora; estamos a comprometer-nos", disse, explicando que "as paróquias devem detectar estes casos e estar prontas para dar resposta às necessidades".
Estas estruturas, a que os bispos chamam "grupos de acção social", devem, segundo o documento, "integrar representantes de todas as zonas, actuando em regime de voluntariado como é tradicional na Igreja". Embora seja vocacionado para todos os problemas sociais, cada grupo será encarregue de "sinalizar e acompanhar cada caso" e nessas circunstâncias "contribuir para que sejam respeitados os direitos das crianças". Ao mesmo tempo deve diligenciar para que "tenham acesso aos serviços necessários" e ainda "cooperar com as comissões de protecção de crianças e jovens", assim como com todas as instituições que actuem neste domínio, com destaque para a Cáritas Portuguesa e as cáritas diocesanas. A partir do acompanhamento destes grupos, os bispos sugerem que dos elementos recolhidos "se elaborem estatísticas periódicas, a nível paroquial, diocesano e nacional".
D. Jorge Ortiga reconheceu, na conferência de imprensa de encerramento dos trabalhos da CEP, que têm ocorrido "práticas incorrectas, embora raras", nas instituições da Igreja destinadas ao acolhimento de crianças. Concordou que "lidar com crianças, hoje, requer uma atitude diferente da que havia há 20 anos". E concluiu que "as situações apontadas", por vezes, "são difamações; não correspondem à verdade".