Alexandrea Marques, in Jornal de Notícias
O presidente da República recebe esta segunda-feira uma Carta Aberta contra a Pobreza entregue pela comitiva da Organização Objectivos 2015. Para que Cavaco Silva recorde ao Governo os compromissos que assumiu e não está a cumprir.
Portugal não está a cumprir os compromissos que assumiu (em Setembro de 2000) na luta contra a pobreza e está longe de consagrar para esse fim os 0,7% do PIB com que se comprometeu até 2015.
Este é o motivo pelo qual uma delegação da Organização Objectivos 2015 - da campanha Pobreza Zero promovida pela Oikos, Amnistia Internacional, Médicos do Mundo e Quercus - entrega hoje ao presidente da República, uma Carta Aberta contra a Pobreza.
"É importante que os chefes de Estado não estejam presentes só nos actos formais internacionais, mas que recordem aos Governos os seus compromissos", justificou, ao JN, João José Fernandes, presidente da Oikos, em alusão à assinatura dos Objectivos do Milénio, há oito anos, pelo então presidente da República, Jorge Sampaio.
A delegação constituída por "organizações não convencionais e ligadas à Igreja numa representitividade muito alargada" que irá a Belém será chefiada por Bruno Neto da Oikos, também coordenador da campanha Pobreza Zero em Portugal.
De acordo com João José Fernandes, neste momento Portugal deveria estar a dispender 0,36% do PIB na luta contra a pobreza e as desigualdades, estando apenas a canalizar 0,22% da riqueza nacional para esse objectivo.
Desde 2005 que as organizações da Pobreza Zero (cujo ponto alto ocorreu a 17 de Outubro com a iniciativa "Levanta-te e Actua") se reúnem com os Governos.
"Mas existe a consciência de que o Governo só terá margem de manobra se tiver o apoio da opinião pública e dos órgãos de soberania, pelo que estamos a alertar o Parlamento e a Presidência da República para esta questão". No fundo, realça o presidente da Oikos, com o envolvimento de Cavaco Silva, pretende-se " passar a mensagem de que esta é uma questão de Estado, que foi assumida ao mais alto nível".