in Jornal Público
Portugal é, entre os 27 países da União Europeia (UE), aquele que irá registar o segundo mais lento ritmo de crescimento do emprego entre o final de 2005 e o final de 2008, o período durante o qual a acção do Governo poderia ter produzido efeito.
De acordo com os dados publicados ontem pela Comissão Europeia, o crescimento do número de pessoas empregadas em Portugal foi de 1,3 por cento durante os últimos três anos, um valor que fica abaixo dos 4,6 por cento registados na zona euro e na UE. Entre todos os Estados-membros, apenas a Hungria apresentou uma pior evolução do mercado de trabalho, registando mesmo uma redução em 2008 do número de pessoas empregadas face ao que acontecia em 2005.
O resultado de Portugal ao nível do emprego nos últimos três anos bate certo com aquilo que tem sido o crescimento da economia, que tem ficado sempre abaixo da média europeia. Ainda assim, os responsáveis governamentais têm dado destaque ao facto de, desde que assumiu o poder, terem sido criados cerca de 133 mil novos postos de trabalho, podendo chegar-se aos anunciados 150 mil até ao final da presente legislatura. No entanto, como mostram os números da Comissão, atingir este objectivo (da forma como está agora definido) representa uma meta pouco ambiciosa quando comparada com o que acontece nos outros países, onde o ritmo de crescimento do emprego tem sido bastante mais elevado.
Em Portugal, para conseguir fazer crescer o número de empregados em 150 mil durante quatro anos e meio é necessária uma taxa de crescimento média anual deste indicador em torno de 0,6 por cento. Entre 1997 e 2001, registou-se em Portugal um valor de 2,1 por cento, enquanto entre 2002 e 2006 o indicador ficou a zero.
Para 2009, a Comissão está à espera de uma deterioração acentuada do mercado de trabalho europeu, com diversos países a registarem taxas de crescimento negativas do emprego e, no total da UE, a verificar-se um decréscimo do número de empregados, a primeira vez que tal acontece desde a crise de 1993.
Portugal não é dos países com piores resultados, já que Bruxelas aponta para uma variação nula do emprego durante 2009. Com este resultado, mesmo o objectivo de 150 mil empregos pode acabar por não ser atingido. Para as taxas de desemprego, Bruxelas espera para o próximo ano uma subida de 7,7 para 7,9 por cento, enquanto na União Europeia este valor passa de sete para 7,8 por cento.