Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias
A conta foi feita pela CCDRN e diz que o Norte precisa de criar 55 mil postos de trabalho por ano, num total de 165 mil, para chegar a 2010 dentro do objectivo de emprego definido pela União Europeia.
O objectivo parece, contudo, cada vez mais difícil de alcançar, tanto que Carlos Lage, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento nortenha, admite que, se não já este ano, então no próximo, o desemprego deve subir, fruto da crise que já chegou aos países para onde mais se exporta, Espanha e Alemanha.
A meta de chegar ao final da década com 70% da população activa a trabalhar foi definida pela Agenda de Lisboa, que criou os grandes objectivos de médio prazo para a União Europeia. Em 2001, o Norte esteve perto desse valor, mas a forte crise económica dos anos seguintes fez baixar o número de pessoas a trabalhar. De 2006 para 2007, diminuiu em 4600 o número de empregados, sobretudo na educação e na construção (pelo contrário, os empregos criados beneficiaram sobretudo a saúde e os serviços a empresas e o imobiliário).
Ao mesmo tempo, nos primeiros anos da década, mais do que duplicou o desemprego, atirando mesmo a região para a liderança "negra" do país. Na primeira metade deste ano, disse ontem Teresa Lehmann, vice-presidente da CCDRN, o desemprego aliviou, mas a tendência será invertida pela crise. "Não creio que o Norte possa manter o ritmo" do semestre, disse, mesmo, Carlos Lage, que fala de sentimentos de "esperança e angústia", onde a cada boa notícia (neste caso, a descida do desemprego) se segue uma má (a crise económica).
Ainda assim, na última década a CCDRN vê sinais positivos da transformação da economia nortenha. Por um lado, há mais mulheres no mercado de trabalho e o nível de instrução também tem crescido, dando lugar ao aparecimento de novos sectores de actividade, alguns potenciados por financiamento comunitários sob a orientação da CCDRN, como é o caso do pólo da saúde, que já reúne 82 entidades da região.