Rui Bondoso, in Jornal de Notícias
Ernâni Lopes, ex-ministro das Finanças, disse esta quinta-feira em Viseu que o endividamento excessivo dos portugueses "é culpa das famílias, dos bancos e dos governos".
O economista, que foi um dos oradores convidados no 3.º Congresso Empresarial da Região de Viseu, afirmou que as famílias optaram pelo endividamento, "porque os governos [dos últimos 15 anos em especial] criaram o sentimento de que os portugueses deixaram de se sentir pobres e a banca comercializou produtos de crédito fácil".
"Conjugando estes três factores, eu pergunto qual é a surpresa do endividamente excessivo? Nenhuma", disse o antigo governante, criticando que agora "gemem e lamuriem-se" pela situação que os próprios criaram.
Num quadro negro que traçou da economia portuguesa, Ernâni Lopes prevê que 2009 seja "um ano difícil, admitindo desconhecer "a extensão das dificuldades". Lembrou porém que o Japão "se aguentou 12 anos num quadro praticamente de estagnação", acrescentando que os empresários "vão ter de aguentar" até a crise passar.
"Quem não sabe o que é a noção e o esforço de aguentar mau tempo, está já em grandes dificuldades porque desanima, desorienta-se. Portanto, ao não ter a atitude de aguentar já está a perder", sublinhou.
Perante duas centenas de empresários, o ex-governante defendeu que as empresas devem ter "uma deliberada acção de internacionalização", para não ficarem dependentes do mercado português, "que não cresce ou cresce pouco".