in Jornal de Notícias
O economista João César das Neves considerou "optimista" a previsão de que a crise financeira vai durar entre 18 e 36 meses, feita pelo prémio Nobel da Paz Moahamad Yunus, criador do microcrédito.
Na entrevista à agência Lusa, Moahamad Yunus defendeu também reformas no sistema financeiro internacional, uma ideia com que o economista Vítor Martins concordou, afirmando ser necessário "repensar a realidade" dos mercados financeiros.
"Depois de Bretton Wodds, esta crise serve para reformar o sistema. Este tem de reflectir as mudanças que se operararam - o ouro já não serve referência ao dólar, há outras moedas importantes no mercado, como o euro", disse Vítor Martins, afirmando que "o processo de crise faz parte da vida de qualquer sistema".
O "repensar da realidade" é fundamental, afirmou o professor do ISEG, para que a "economia real reflicta as relações do sistema financeiro internacional".
João César das Neves concordou também com a previsão de Muhammad Yunus de que a crise vai demorar ainda tempo a passar, mas confessa estar mais pessimista.
"Se calhar Yunus até está a ser optimista... Existem duas fases na solução de uma crise como esta. Primeiro, o pânico que se vive estes dias tem de ser resolvido nas próximas semanas, senão haverá custos enormes. Depois vem a fase mais demorada de acertar as contas e recuperar as instituições financeiras. Essa pode demorar mais de um ano", disse o professor da Universidade Católica.
César das Neves concordou também com Yunus quanto à necessidade de proteger os mais pobres.
"Numa perturbação destas são os mais frágeis quem mais sofre. Os governos...precisam de atender às classes mais pobres", afirmou.