6.10.08

Barroso avisa que crise não é desculpa para o défice

in Jornal de Notícias

O presidente da Comissão Europeia alertou que a crise financeira não deve ser pretexto para que os Estados-membros da UE ultrapassem o limite de 3 por cento do PIB em matéria de défice orçamental.

"A aplicação do Pacto de Estabilidade deve reflectir as circunstâncias excepcionais em que nos encontramos, como prevê aliás o próprio pacto. Mas isso não deve ser um pretexto ou uma desculpa geral para ultrapassar o limite de 3% do PIB em matéria de défice orçamental", afirmou José Manuel Barroso ao jornal francês Le Parisien.

"Cabe aos ministros das Finanças europeus aceitar, caso a caso, os ajustamentos que poderão ser necessários neste ou naquele país", acrescentou.

Durão Barroso participou sábado, em Paris, na mini-cimeira que reuniu os líderes da França, Alemanha, Reino Unido e Itália, que acordaram pedir ao Banco Europeu de Investimento (BEI) 31,5 mil milhões de euros para ajudar as pequenas e médias empresas.

Segundo o jornal francês, o ex-primeiro-ministro português foi "um dos grandes obreiros do acordo" obtido na reunião realizada no Palácio do Eliseu.

Numa entrevista ao jornal, Durão Barroso considerou que os resultados da mini-cimeira de Paris são "uma resposta coordenada a uma situação muito grave", embora diferente da dos Estados Unidos, cuja Administração aprovou um plano de 700 mil milhões de dólares para salvar o sistema financeiro norte-americano.

"Reconhecemos a necessidade de haver uma resposta europeia a uma crise e apresentámos medidas que reuniram um consenso. É um passo concreto na direcção certa", referiu.

No entanto, considerou que não se pode comparar a resposta europeia à crise financeira com aquela que foi adoptada por Washington, porque os "Estados Unidos são um único e mesmo país e a Europa é constituída por 27 países".

"Não podemos ter, portanto, a mesma unidade que os norte-americanos. Por outro lado, é preciso sublinhar que a situação na Europa é melhor do que nos Estados Unidos. Por estas razões, não se pode comparar as respostas de um lado e do outro do Atlântico", afirmou.

O presidente da Comissão Europeia acrescentou que na cimeira de Paris se fez o "máximo face a uma situação muito grave e preocupante que a Europa não criou, mas de que sofre os efeitos".