Eva Cabral, in Diário de Notícias
Mulheres. Estudo refere que recebem cerca de 25,4% menos que os homens
Portugal é um dos países onde a discriminação de remunerações com base no género é maior, refere um estudo do economista e ex-deputado do PCP Eugénio Rosa, adiantando que em média as mulheres recebem menos 25,4% de salários que os homens com as mesmas funções. Mas quando a formação é maior registam-se, ainda, diferenças maiores.
Em matéria de discriminação salarial, Portugal é apenas ultrapassado pela Eslováquia, que só aderiu à União Europeia muito recentemente.
Mas, alerta o autor do estudo, os 25,4 % a menos nos salários são "um valor médio" , e se se fizer uma análise mais fina por nível de escolaridade, por qualificação profissional e por sector de actividade utilizando dados divulgados pelo próprio Governo - através do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social - conclui-se que, para muitas mulheres, a discriminação a que continuam sujeitas é muito maior.
Eugénio Rosa refere que a discriminação remuneratória a que a mulher está sujeita em Portugal é tanto maior quanto mais elevada é a sua escolaridade.
Em 1995, por exemplo, " o ganho médio das mulheres com um nível de escolaridade inferior ao 1.º ciclo do ensino básico era inferior ao dos homens, com o mesmo nível de escolaridade, em -19%, enquanto, no mesmo ano, uma mulher com o ensino superior ganhava, também, em média entre -28,5% do que um homem com o mesmo nível de escolaridade".
Cerca de dez anos depois, em 2006, o ganho médios das mulheres do grupo "quadros superiores" era inferior ao dos homens em -29,7% (-4,9 pontos percentuais do que em 1995), ou seja "a discriminação com base no género continuou a agravar-se em Portugal, atingindo mais fortemente as mulheres mais qualificadas", frisa o estudo de Eugénio Rosa.