Microcrédito ajuda a realizar sonho

Fátima Mariano, in Jornal de Notícias

Reportagem Lisboa: Depois de três anos no desemprego, Maria Trindade está prestes a abrir o seu salão de cabeleireiro

A três dias de abrir o seu salão de cabeleireiro de homens, no Lumiar, em Lisboa, Maria Trindade Reis Lopes, de 51 anos, não cabe em si de contente. "Estou, finalmente, a concretizar um sonho de há muitos anos", confessa, ao JN, enquanto mostra as instalações ainda não totalmente equipadas, situadas na Rua de Professor Manuel Valadares.

Os últimos dias têm sido vividos num corropio, com contactos diversos, para que tudo esteja pronto quando, na segunda-feira de manhã, abrir as portas do Cabeleireiro de Homens Trindade. Embora ande "num nervoso miudinho", Maria Trindade não esconde a felicidade de quem conseguiu montar o seu próprio negócio depois de três anos no desemprego, a bater a muitas portas.

"A maioria das entrevistas a que fui era para cabeleireiros unissexo e a minha especialidade é cabeleireiro de homens. Mas eu percebi que o principal entrave era a minha idade", diz, com tristeza.

Maria Trindade sentia-se ainda com forças suficientes para continuar a trabalhar, apesar de ter chegado a pensar em desistir, tais os obstáculos com que se foi deparando. "Até que no Serviço de Apoio à Criação de Empresas e Emprego da Câmara de Loures me falaram do microcrédito e decidi informar-me", diz.

Dirigiu-se à Associação Nacional de Direito ao Crédito, contou a sua história, falou do seu sonho e, em cerca de três meses, conseguiu o dinheiro de que necessitava para poder abrir o seu próprio negócio. "Se não fosse o microcrédito, nunca iria conseguir realizar este meu sonho. Nos créditos ditos normais, os juros são demasiado altos", afirma.

Depois de uma travessia no deserto de três anos, Maria Trindade sente-se a entrar num oásis. "Estou ansiosa por começar a trabalhar. Cada vez que trago uma coisa nova para o salão, sinto-me renascer. E já tenho três clientes garantidos para segunda-feira", conta, sorrindo.

Está de tal forma optimista, que acredita que, dentro de poucos meses, poderá contratar uma colaboradora e, assim, ajudar outras pessoas.