17.10.08

Novas políticas sociais para acabar com a pobreza

Lígia Silveira, in Agência Ecclesia

Presidente da REAPN afirma que as práticas assistencialistas não resolvem os problemas, apenas «remendeiam» a situação


O Pe. Agostinho Jardim Moreira pede mudança de políticas no sistema social português. O Presidente da Rede Europeia Anti Pobreza / Portugal – REAPN afirma que as práticas assitencialistas não resolvem os problemas de pobreza.

“Temos de caminhar para políticas estruturais que respondam também ao problema multidimensional da pobreza”. Apostando no assistencialismo “continuamos a fomentar uma sociedade que produz excluídos, injustiças e prefere remendar em vez de curar”.

No dia em que se assinala a luta pela erradicação da pobreza, o Presidente da REAPN aponta à Agência ECCLESIA que se fala dos pobres “a partir do gabinete e esta situação não altera a situação de pobreza, porque as pessoas não são sujeitos activos do seu processo para a inclusão”.

O sacerdote lembra que no primeiro semestre de cada ano, a Presidência europeia reúne, em Bruxelas, uma assembleia de pobres para “os ouvir”. A nível nacional “toda a gente fala dos pobres, mas não trabalha para os pobres”. Contrariando esta tendência a REAPN organizou em Guimarães, Viseu e Beja, três encontros regionais de pessoas em situação de pobreza.

As conclusões partilhadas nestes encontros apontam lacunas nas áreas da saúde, emprego, educação, formação e protecção social. Falta de auto estima, competências, informação, emprego, são factores que incidem na perpetuação da pobreza. “Há um déficit de participação e de cidadania e os subsídios não ajudam a quebrar a dependência”, aponta o Pe. Agostinho Jardim Moreira.

“A pobreza não é um problema individual, mas colectivo, de toda a sociedade. Foram-se acrescentando injustiças, habituámo-nos a elas e a conviver normalmente entre riqueza e pobreza”, referindo que esta situação pacífica “é um escândalo”.

O Presidente da REAPN não rejeita as ajudas financeiras mas indica que “após as respostas imediatas para que as pessoas não vivam na miséria extrema, é preciso um plano nacional de luta contra a pobreza, fundamentada na justiça e com formas mais profundas de inclusão”.

Fica-se em palpites políticos “e assistimos a políticos que quase acusam os pobres de serem pobres”. O sacerdote pede “menos arrogância e trabalho ao serviço da justiça”, envolvendo também as autarquias que “devem organizar-se e trabalhar articuladamente com as IPSS”.

“Há uma aproximação dos números nacionais à média europeia, que é real, mas é preciso ver que 50 euros podem ajudar alguma coisa mas não muda a qualidade de vida”, sublinha o sacerdote.