Helena Amaro com Lusa, in Diário de Leiria
Pobreza, desemprego e alcoolismo são os principais problemas com que se deparam as organizações não governamentais do distrito de Leiria, que reconhecem a insuficiência de meios para dar resposta aos flagelos mais graves da sociedade.
Um estudo realizado pelo núcleo distrital da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal e pelo Centro de Investigação Identidade (s) e Diversidade (s) do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), coloca a pobreza no topo dos problemas sociais, um fenómeno que tem "vindo a agravar-se mais acentuadamente" nos últimos cinco anos, afirmam as instituições.
Das 113 inquiridas, a maioria considera que a pobreza "tenderá a aumentar" no distrito, apesar de 76 por cento constatar que esta evolução irá reflectir-se, sobretudo, no resto do País.
Quanto aos grupos mais vulneráveis à exclusão social e que, por isso, deverão merecer maior atenção por parte das instituições são "os toxicodependentes, os seniores, os deficientes, os desempregados e os trabalhadores em situação precária".
A forma de actuação mais adequada no combate à pobreza e exclusão social passa, de acordo com o estudo, por uma intervenção local, em rede, pelas várias instituições e actores sociais. A maioria das instituições privilegia o contacto directo com a população, uma medida que permite concluir o "papel positivo" das instituições na resolução dos problemas.
Helena Fabião, responsável pelo estudo apresentado sexta-feira, deu ainda conta de algumas dificuldades com que se deparam as organizações. Cerca de 64 por cento dos inquiridos afirmou existir "falta de recursos humanos, equipamentos e meios técnicos, deficiente actuação do Estado e falta de financiamento para novas valências".
Apesar da maioria das instituições (77 por cento) possuir recursos financeiros próprios, estas dependem do Estado, a sua principal fonte de financiamento. Ainda assim, reconhecem que a solução passa por "procurar fontes de financiamento alternativas, o que contribuirá para o desenvolvimento de formas inovadoras de captação de recursos".
Quanto à participação de projectos nacionais comunitários, a maioria justifica a sua não participação pela "insuficiência de meios técnicos e financeiros e a inacessibilidade de informação relativa aos programas".
Apesar de tudo, concluiu o estudo, "o interesse das instituições em participar e/ou desenvolver projectos é bastante significativo, sendo que a maioria está predisposta a trabalhar em parceria".
"Proporcionar acções de formação, de forma adequada e contínua, aos técnicos voluntários é considerada pelas instituições do distrito de Leiria como a melhor forma de melhorar o desempenho dos recursos humanos", pode ler-se nas conclusões do estudo, onde os inquiridos "garantem que estão devidamente apetrechados com material informático". Ainda assim, o futuro das organizações, dizem, deve passar por "mais e melhores meios e capacidade de gestão".