in Jornal de Notícias
A Comissão Europeia prevê uma taxa de desemprego de 7,9 por cento em Portugal no próximo ano, um valor mais pessimista do que os antecipados pelo Governo (7,6 por cento) e pelo Fundo Monetário Internacional (7,8 por cento). As previsões apontam ainda para um crescimento da economia de 0,1 por cento. O défice poderá chegar aos 3,3 por cento em 2010.
Nas Previsões Económicas do Outono, divulgadas esta segunda-feira, Bruxelas antecipa para Portugal uma taxa de desemprego de 7,7 por cento este ano e 7,9 por cento em 2009 e em 2010.
Estas previsões de Bruxelas são mais pessimistas que as de Lisboa, já que a proposta de Orçamento do Estado para 2009, apresentada há cerca de duas semanas, prevê uma taxa de desemprego de 7,6 por cento em 2009 (tal como em 2008).
Os valores antecipados pela Comissão Europeia são também mais pessimistas que as previsões do FMI, divulgadas em Outubro, que antecipam uma taxa de desemprego em Portugal de 7,6 por cento este ano e 7,8 por cento no próximo.
As Previsões do Outono apontam para uma taxa de desemprego de 7,8 por cento na União Europeia em 2009 e de 8,4 por cento na Zona Euro, valores que deverão crescer respectivamente para 8,1 por cento e 8,7 por cento em 2010.
Défice de 3,3% em 2010
A Comissão Europeia prevê ainda uma deterioração do défice orçamental português. O desequilíbrio das contas portuguesas será de 2,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008 (o mesmo valor do Governo), 2,8 em 2009 (2,2) e 3,3 em 2010, num "cenário de políticas inalteradas".
Fonte comunitária disse à Agência Lusa que o pessimismo de Bruxelas para o agravamento do défice em 2009 se deve à previsão de crescimento inferior tendo em conta a evolução do consumo interno.
Nas Previsões Económicas do Outono, estima-se um agravamento geral do desequilíbrio das contas nacionais dos 27 Estados-membros da UE, de menos 1,6 por cento do PIB em 2008, para menos 2,3 em 2009 e menos 2,6 em 2010.
O pacto de Estabilidade e Crescimento estipula que um Estado-membro pode ser penalizado se o seu défice orçamental ultrapassar os 3,0 por cento do PIB.
Estagnação do crescimento
Bruxelas prevê também uma desaceleração do crescimento da economia portuguesa para 0,5 por cento do PIB em 2008 e em 2009 "desça ainda mais e estagne" nos 0,1 antes de voltar a aumentar em 2010 para 0,7 por cento.
Lisboa prevê um crescimento do produto de 0,8 por cento do PIB em 2008 e de 0,6 no próximo ano.
Para o ano que vem o crescimento português poderá igualar o da Zona Euro (0,1 por cento) e ficará ligeiramente abaixo do da UE (0,2). Mas em 2010 o crescimento do PIB português (0,7) volta a afastar-se do da Zona Euro (0,9) e UE (1,1).
As Previsões Económicas do Outono confirmam os cenários mais pessimistas, com Bruxelas a apontar que "as economias da União Europeia estão a ser bastante afectadas pela crise financeira", o que se vai reflectir no crescimento económico até 2010.