6.11.08

Sida em toxicodependentes aumenta oito vezes mais do que na Europa

in Jornal de Notícias

Portugal apresenta uma taxa de novos casos de HIV/Sida entre os consumidores de drogas injectadas oito vezes superior à média europeia, de acordo com dados revelados em Bruxelas pelo director do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.

No relatório apresentado, esta quinta-feira, na capital belga, Portugal é apontado como o pais onde surgiram mais casos (703) de infectados com Sida em 2006, muito à frente dos restantes estados, onde a Estónia ocupa o segundo lugar (191), seguida do Reino Unido (187), Alemanha (168) e Franca (167).

Hoje, o director do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), Wolfgang Goetz, disse aos jornalistas que a estimativa de novos casos de Sida entre consumidores de droga injectável é de 3.000 por ano em toda a União Europeia (EU), o que permite concluir que os 703 surgidos em Portugal em 2006 constituem uma taxa oito vezes superior à media dos 27 estados-membros.

Ainda no campo das doenças infecto-contagiosas contraídas por toxicodependentes, Goetz disse que mais de 40 por cento dos consumidores de droga injectável estão infectados pelo vírus da hepatite C, uma doença com uma elevada taxa de mortalidade e de tratamento difícil e muito demorado.

O director do OEDT salientou ainda na sua intervenção que morre a cada hora na UE uma pessoa vítima do consumo excessivo de droga (overdose), o que totaliza entre 7.000 e 8.000 mortos anuais.

As estimativas do OEDT indicam ainda que um em cada quatro cidadãos da União, num total de 71 milhões, fumaram cannabis - a droga mais consumida no espaço europeu - pelo menos uma vez na vida.

Contudo, o que mais preocupa os especialistas é o facto de quatro milhões de pessoas consumirem diariamente aquele tipo de droga.

O fulcro do problema da droga na Europa continua a ser a heroína, embora o seu consumo tenha estabilizado, afirmou Wolgang Goetz, salientando, em contrapartida o aumento da disponibilização de tratamento para os dependentes daquele opiáceo.

Nos países da UE, disse, 600 mil pessoas sujeitam-se todos os anos a tratamento para se livrarem da dependência da heroína.