7.10.08

Pobreza/crianças: Dimensão social tem sido menosprezada no equilíbrio das políticas europeias - Vieira da Silva

in Lusa

O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social disse hoje, em Lisboa, que "a dimensão social tem sido menosprezada" no equilíbrio das políticas europeias e que a Europa vive níveis críticos de pobreza.

Vieira da Silva falava hoje no Forum Europeu sobre Crianças de Rua, promovido pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC) e pela Federação Europeia para as Crianças de Rua, que decorre até terça-feira, em Lisboa.

Segundo o ministro, a União Europeia verifica níveis críticos de pobreza infantil e não tem feito tudo ao seu alcance para combater este problema.

"Temos de reconhecer e afirmar que, no equilíbrio das políticas europeias, a dimensão social tem sido menosprezada", disse Vieira da Silva.

Em 2010 comemora-se o Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social, momento que para Vieira da Silva será uma oportunidade para uma reflexão mais aprofundada sobre o que pode ser feito "para dar mais força" a este combate.

Segundo Anthony Simpson, da direcção da Federação Europeia, a pobreza infantil é um fenómeno crescente na Europa, estimando-se que existam entre 150 mil e 200 mil crianças a viver na rua.

Para Manuela Eanes, presidente do IAC, as situações de pobreza são uma vergonha para a Europa e para todo o mundo.

Em Lisboa, explicou, os meninos de rua já não são só crianças de bairros degradados, mas constituem um fenómeno transversal em todas as classes sociais.

São crianças excluídas já não só pela pobreza económica, mas também pela pobreza de valores do meio em que vivem.

Segundo Manuela Eanes, novas populações de etnias diferentes, o aumento do consumo e do tráfico de droga, as migrações e o desemprego foram factores que contribuíram para que as crianças de rua se apresentem hoje de uma maneira diferente, dedicando-se a grande maioria à prostituição.

"Vivem da rua e são vítimas das piores formas de trabalho de rua", disse, adiantando que um dos caminhos para combater este mal passa por interromper o mais precocemente o ciclo de marginalidade onde a criança e o jovem se encontra.

Políticas governamentais adequadas e projectos de intervenção comunitária, num trabalho coordenado das várias instituições, oficiais e particulares, e dos próprios destinatários é o caminho que deve ser percorrido, defendeu Manuela Eanes.

Por outro lado, frisou, os movimentos de voluntariado podem ter um papel muito importante.

O objectivo do fórum europeu, que termina terça-feira, é contribuir para o processo de reflexão sobre o papel da sociedade civil na promoção da inclusão activa, no âmbito do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão em 2010 e do futuro da Estratégia de Lisboa depois de 2010.

A conferência adoptará uma declaração conjunta sobre a necessidade de fazer da sociedade civil e da inclusão das crianças de rua um assunto prioritário do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão em 2010 e definir prioridades chave para o Ano Europeu do Voluntariado em 2011.